Este trata-se do primeiro texto do ano de 2016, e antes de iniciar mais um texto no meu querido Blog quero desejar a todos os queridos leitores e visitantes que passam diariamente ou não por aqui um ótimo novo ano repleto de saúde, sucesso e alegrias, que não falte nada de bom e do melhor a todos e à família de todos vós.
Neste novo texto citarei algo diferente, algo que mexe com a minha mente a tempos, praticamente desde 2007, e isso quero repassar a todos que acompanham o querido Blog, trata-se do preconceito instaurado no Brasil, um país que tende a passar uma imagem sobre o que realmente não é ao Mundo exterior.
O brasileiro em si sofre diariamente, principalmente se estamos fora do país, e um ato de preconceito que sofremos por sermos brasileiros fora do Brasil é devido ao fato de outros brasileiros fazerem merda e consequentemente todos levam a culpa devido a política de generalização, não vos interessam de qual região do Brasil seja, para os cidadãos locais somos apenas brasileiros e lógico que sofreremos com o preconceito de muitos, mas acham isso ruim??? Começo a pensar que não, porque o pior mesmo é sofrermos preconceito dentro da nossa casa, por pessoas que falam o mesmo idioma e que praticamente sofrem o mesmo que nós, é isso que acontece no Brasil.
Dizem que não há preconceito no Brasil, mas há, e muito, não precisamos olhar muito para longe para vermos que diariamente qualquer pessoa está a sofrer com isso porque isso sempre existiu e sempre existirá, enquanto houver um fosso social que está cada vez mais fundo o preconceito irá existir na vida de todos.
Meu Pai era zelador, frequentava a piscina do prédio com autorização do proprietário do edifício, mas havia uma senhora que não gostava e que sempre dizia que os filhos do zelador não deveriam entrar na água, isso já acontecia há trinta anos atrás, então não entendia muito a reação e não prestava atenção por ser apenas uma criança na época, mas não me marcou e levei adiante a minha vida.
Não precisa ser filho de zelador para levar com preconceito, basta ser pobre para que os olhares de muitos sejam desviados com a presença de um ser pobre no meio da multidão para outro lado, isso ocorre no dia-a-dia de muitos brasileiros, mas parece que já virou um hábito diário e nada irá mudar com o passar dos anos, dos tempos e assim por diante.
Se reside na periferia a coisa complica, porque parece que há um muro invisível que separa os residentes da periferia dos que residem próximos ao centro da cidade, isso é visível, os jovens viram alvo dos preconceituosos em todos os lugares, se conseguem sair são seguidos e mal vistos por todos, olham com ar de reprovação, se juntam os amigos e optam por irem a shoppings da "Classe A" é quando o preconceito é mais visível, os seguranças tornam-se abutres com os olhares fixos naqueles que para muitos não fazem parte daquele local, mesmo tendo dinheiro no bolso para comer e até mesmo comprar alguma coisa, os próprios lojistas, que na maioria das vezes também residem na periferia, atendem mal porque acham que por serem da periferia não possuem condições e "autorização" para estarem ali.
Já experimentaram saírem mal vestidos??? Façam isso e verão o quanto sofrerão do seu lugar de origem até o seu local de destino, não precisa muito esforço para sofrer diariamente com o preconceito, tentem entrar mal vestido em uma agência bancária que não conseguirá, a porta travará, já passei por isso quando trabalhava como Office-boy em uma região nobre de Sampa, e no primeiro dia em que fui adentrar à agência do Bank Boston na Avenida Cidade Jardim a porta travou, eu com uma blusa de moletom de capuz tive de erguer a blusa até a altura do peito, passados alguns dias não passei mais por aquilo porque frequentava diariamente a agência bancária e consequentemente iniciei uma certa amizade com os seguranças, ao ponto de após meses questionar se eram eles ou não quem bloqueavam o acesso ao interior da agência das pessoas, e assim descobri que nada é automático no acesso às agências bancárias.
Quando se é uma pessoa de cor é que a coisa se complica, porque parece que a cor define o status na sociedade, ser Negro ou Preto faz com que muitos olhem de cima para baixo, os acham ineficazes, implementam cotas como se a cor fosse motivo de falta de desenvolvimento e de competências para chegarem longe na vida e conquistarem espaços em grandes universidades e empresas, sofrem com o preconceito, se não for de cor mas se tiver cabelo crespo sofre a mesma coisa, o preconceito atinge a todos.
Então quando criticarem o preconceito sofrido em outros países lembrem-se que diariamente sofremos isso no Brasil, nos shoppings, nos transportes, nos restaurantes, nas ruas, nos eventos esportivos, em todos os lugares, não há lugar que foge ao preconceito instaurado no Brasil.
Se és homossexual é que a coisa descamba ao ponto de sofrerem agressões, não basta haver preconceito por parte de muitos, tem de haver agressões, a falta de educação e a intolerância somam-se ao preconceito existente, isso é terrível em um país que julga-se "democrático", mas que de Democracia não existe nada e provavelmente nem irá existir tão cedo.
No Brasil é assim, há o preconceito e vive-se ou sobrevive-se com ele diariamente, não adiantará fugir, poderá esconder-se, mas na primeira chance o preconceito existirá, no elevador do condomínio onde reside, no transporte público, em todos os lugares, ou luta-se contra ele ou aceita-se de olhos vendados para seguirmos em frente, até porque a tendência é que nunca passe porque as pessoas estão a transformar-se cada vez mais em seres ignorantes e intolerantes, a falta de aceitação ao próximo da maneira que ele é torna-se o preconceiro cada vez mais forte nos dias de hoje e complica cada vez mais a situação dos cidadãos de bem.
Se estudas em uma universidade de segunda linha, mesmo sendo um ótimo aluno, exemplar, com ótimas notas, dedicado e assíduo, não conseguirá uma vaga de trabalho em uma boa empresa quando estiver a concorrer com alunos de universidades de primeira linha, mesmo que estes alunos passem a maior parte do tempo na porta de bares e a drogarem-se porque o que vale é o nome da entidade estudantil para muitas empresas, e o preconceito começa aí e não terminará tão cedo.
O porque deste texto??? Por que lí uma reportagem sobre uma reunião de condomínio que me deixou extremamente triste e sem esperanças, que me fez pensar na época em que o meu Pai era zelador, onde foi debatido o absurdo de uma empregada de limpeza possuir um carro e ainda estacionar em uma vaga que ela alugou na garagem do condomínio, onde foi dito que era um absurdo uma pessoa ter estudado em uma faculdade para depois ter que presenciar aquilo. O preconceito é uma besta, um animal feroz que se apodera de um ser inferior e que dele faz o que bem entender, e espero de coração que um dia isso possa acabar, porque por onde sobrevivo atualmente a generalização é brutal ao ponto de quando um faz merda todos pagam com a mesma moeda e da mesma maneira. Espero que haja compreensão em cada um, em cada mente. Peace.