Neste Blog poderá encontrar algo diferente para ler, uma nova perspectiva sob um novo olhar de quem inicia na árdua tarefa de escrever o que pensa.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

A Minha Mãe.

Neste mais novo texto do meu querido e pequeno Blog, escreverei a todos os queridos leitores e visitantes um texto sobre a minha mãe, na verdade tentarei escrever sobre a minha mãe porque a situação atualmente encontra-se muito difícil e escrever ou falar sobre a minha mãe poderá mexer muito com o meu psicológico, com o meu coração, com o meu todo.

A minha mãe possui 82 anos de idade atualmente, ela é quem o diz, porque no registro de nascimento possui apenas 80, mas como ela briga com todos que dizem que ela possui 80 aninhos, então vou ficar pelos 82 mesmo para caso ela leia este texto ou alguém leia para ela, e eu continue sem levar nas orelhas. A minha mãe é a irmã mais velha atualmente de muitos filhos que os meus avós tiveram, porque a minha tia "gostosona", "tesão da minha vida", que era a mais velha optou por nos deixar há praticamente quinze anos atrás, então ela é a segunda mais velha de muitos que andam por aí.

Falar ou escrever sobre a minha mãe poderá tornar-se difícil com o passar das linhas e parágrafos, porque tenho muito o que escrever, principalmente no que diz respeito aos filhos, quando o meu pai deixou de ser pai quando eu tinha uns 6 anos de idade, lembro-me bem quando isso aconteceu, foi quando o meu pai optou por não me levar junto a um jogo do meu "Santástico", o Santos Futebol Clube. Isso fazem quase quarenta anos porque eu já possuo 44 aninhos de idade.

A partir de um determinado momento a minha mãe comprou briga com o meu pai para nos educar, nos ensinar, nos incentivar a estudar e a trabalhar, pelo meu pai eu não teria completado o ensino secundário/médio e não teria um trabalho com "carteira" assinada, porque por ele trabalhava na rua e ficava sem estudar. O meu pai puxava pela negativa e a minha mãe pela positiva, a minha mãe não deixava a "peteca cair", estava sempre disposta a fazer muito por nós, ao contrário do meu pai que abriu mão de nós ainda quando éramos crianças. Mas o meu pai tinha qualidades, a honestidade e não deixar que entrássemos em casa com pertences alheios nunca foi aceite por ele.

Quando adolescente ficou ainda mais evidente a distância do meu pai e a proximidade da minha mãe, como eu sou o mais novo de dois filhos me tornei no companheiro de todas as viagens e praticamente horas da minha mãe, o meu irmão optou por se afastar também da família devido a um relacionamento amoroso, então no final das contas eu era o braço direito da minha mãe, praticamente em todos os momentos em que morávamos juntos, e mesmo quando ela passava mais tempo no trabalho do que em casa, eu sempre estava lá com ela e por ela, mesmo quando pensava que iria namorar a sério eu sempre fazia questão de apresentar a minha companheira, jamais tive vergonha da minha mãe pelo que trabalho que ela fazia, porque eu sabia que aquele trabalho ajudava a sustentar a casa.

A minha mãe sempre trabalhou, sempre deixou claro isso para todos nós, trabalhava como doméstica para pessoas endinheiradas, como a minha mãe não teve muito estudo porque o meu avô optava por enviá-la para a lavoura ao invés de encaminhá-la para a escola, ela não teve o devido o estudo, mas sempre foi muito inteligente mas nem tão esperta, ao ponto de assinar um documento em branco solicitado por um antigo patrão onde este agindo de má fé a fez sair do trabalho sem direito a nada, sem um tostão depois de anos trabalhando e sendo explorada por ele. Ganhou a confiança, era de confiança, e assinou na confiança, mas foi enganada.

A minha mãe sempre teve um ótimo coração, sempre disposta e aberta para ajudar quem fosse necessário, mesmo sendo pobres nunca nos faltou comida, poderíamos não possuir uma vida de imensa qualidade e conforto com tudo o que gostaríamos, mas sempre tivemos o necessário. A minha mãe sempre estendeu as mãos para ajudar quem precisasse, fui testemunha das discussões dela com o meu pai todas as vezes que algum parente solicitava dinheiro emprestado a ela, tanto da parte da minha mãe como da parte do meu pai, e a minha mãe estava sempre lá disposta a ajudar, mesmo sem saber se este dinheiro voltaria ou não para nós. Acho que esta situação foi uma das causas da separação dos meus pais, mas nunca conversei com o meu pai sobre isso, até porque ele nunca deu abertura para os filhos conversarem com ele sobre qualquer assunto.

Como me tornei no braço direito e companheiro de todas as horas da minha mãe, tínhamos liberdade para conversar sobre todo e qualquer assunto, mesmo assuntos um pouco mais delicados eu conversava com a minha mãe, a minha mãe soube se atualizar com o tempo, se modernizou para que pudesse falar de igual por igual conosco dentro de casa, estava sempre antenada e eu ajudei muito nesta modernização, e isso é um orgulho enorme para mim, porque ter tido uma mãe para conversar sobre qualquer assunto foi e será sempre uma das melhores coisas da minha vida.

Logicamente que a vida segue em frente e com isso comecei a namorar, nunca a deixei de lado, sempre a priorizei, mas com o passar dos tempos um namoro mais sério aconteceu e com isso veio um compromisso e consequentemente chegou o meu casório, e o meu casório me fez ficar distante da minha mãe porque optei por largar o Brasil e seguir para Portugal. Após cinco anos voltei a ver pessoalmente a minha mãe que com o muito esforço e ajuda de uma antiga patroa conseguiu nos visitar em Portugal e conhecer o neto mais velho, foram três meses intensos e emocionantes, mas foram bons.

Depois disso ainda veio uma temporada no Brasil, onde pude ajudar a minha mãe enquanto estive por lá até 2015, mas optamos por voltar devido a não readaptação e a saúde do meu filho. Minha mãe não gostou muito, mas quando se tem esposa e filho temos de pensar no melhor para a família e é como sempre a minha mãe disse: "Quem casa quer casa". E naquela época a minha mãe estava ainda muito bem de saúde, lúcida, e também havia o meu sobrinho, o neto mais novo na época para ela desfrutar de bons momentos. Mas naquele ano coloquei na cabeça que poderia ou não voltar a ver a minha mãe, e com o passar dos anos a tendência é que eu realmente não consiga mais ver a minha mãe pessoalmente.

Os anos passam e com isso vem a notícia de problemas de saúde da minha mãe, algo que poderia ser algo simples devido ao esquecimento que ela começou a possuir no ano de 2016. Neste ano ela começou a se perder em locais onde ela andava desde criança, e ficamos preocupados. Com o passar do tempo a situação agravou-se um pouco, ao ponto de ela sentir-se mal e não saber onde estava, sendo necessário ficar deitada ou sentada até os sentidos e a noção de onde estava voltarem ao normal, Pude ajudar um pouco na realização de exames com envio de dinheiro, mas a minha mãe como sempre foi cabeça dura, uma "mulinha empacada", optou por não dar seguimento no tratamento, nem eu e nem ninguém conseguia colocar na cabeça da minha mãe que ela deveria seguir adiante, então optou por não fazer mais nada, e isso agora está pior do que antes.

Atualmente a minha mãe foi diagnosticada com três tumores na cabeça, escrever isso sem me emocionar é mesmo difícil e foda, complicado, tento segurar as lágrimas diante dos meus filhos. A minha mãe que sempre foi autônoma e forte, agora está a depender de outras pessoas. A minha Tia Dora com o meu Tio Joãozinho optaram por retirarem ela de casa porque encontraram-na em uma situação deplorável e degradante, com piolhos, sem se alimentar em condições e com comida estragada, roupa suja, não conseguia ingerir os medicamentos nas ordens corretas, se não fossem pelos meus tios a esta hora a minha mãe já teria se transformado em uma estrelinha.

Saber que a minha mãe está mal e estar longe é mesmo complicado, fico de mãos atadas quando percebo que pouco ou nada posso fazer. A Covid me tirou um trabalho há dois, quase me tirou a vida no ano passado, neste ano quando comecei a trabalhar em menos de um mês fiquei sem ele porque tinha de utilizar o meu carro para realização do trabalho e o mesmo avariou e ficamos sem carro e eu sem trabalho. Pude enviar um pouco de dinheiro para a minha tia porque ela gastou muito em exames em clínicas privadas porque no público demoram muito tempo, e pela idade da minha mãe, é bem provável que nem façam muito mais para mantê-la saudável.

O que me entristece neste momento é que além de não poder fazer muita coisa, a minha mãe tornou-se em um estorvo e um fardo para alguns, porque sei que precisam de muita paciência e força para estarem com a minha mãe, a minha mãe tornou-se repetitiva, brigona (já o era antes), resmungona, está sempre a falar que preferia estar com um dos filhos do que com os parentes, esconde as coisas onde ninguém consegue encontrar e depois esquece-se de onde as colocou, culpa sem ter a consciência e noção do que está a falar pessoas que estão a ajudá-la, mas quando encontra-se lúcida pede desculpas mas logo se esquece do que disse. Sei que não tenho condições para tê-la comigo, mas sei bem que se eu tivesse seria egoísmo da minha parte em trazê-la para junto de mim e deixá-la longe de tanta gente que gosta dela, porque sei que ao meu lado todos os que possuem atualmente contato pessoal com ela deixaria de o ter e acho que eu também não me sentiria bem com isso, trata-se de um enorme esforço mental da minha parte trabalhar sobre tudo isso que está a acontecer.

Escrevo este texto sobre a minha mãe para que alguém ou algum possa ler para ela ainda em vida, trata-se de uma homenagem a mulher firme, forte e especial que ela é, não sei se poderei aguentar uma perda tão grande em minha vida dentro de algum período, mas prefiro lembrar de todos os bons momentos que passamos juntos, que tivemos juntos, que brigamos e brincamos juntos, todos os momentos de felicidade e lembrar dela quando ela estava muito bem de saúde, mas sem deixar de me preocupar com ela no estado atual. Mesmo com a tecnologia e vendo a minha mãe uma ou duas vezes por semana, levarei comigo os melhores momentos.

Mãe, que você seja mesmo forte e continue a lutar contra esta merda de doença, sei que não deixará de ser teimosa aqui ou em outro plano, muito das coisas que você me ensinou tenho dentro de mim e levarei para sempre e tentarei passar para os meus filhos para que eles cresçam com a mesma virtude e outras coisas boas que me ensinaste. Saiba que serei eternamente grato por tudo que a Tia Dora e o Tio Joãozinho estão a fazer por ti, também sou grato a todos que estão ajudá-la neste momento, mas sei que ao não citar nomes provavelmente ficarão bravos comigo, mas agradecerei a todos e tentarei ajudar da melhor maneira possível e como puder e quando eu realmente puder. E também serei eternamente grato a Deus por eu ter escolhido você como mãe, que me ensinou muita coisa boa nesta vida, neste mundo em que estamos apenas de passagem e que jamais saberemos o que o dia de amanhã nos irá proporcionar.

Minha mãe querida, eu te amo muito e que os nossos corações continuem unidos para sempre neste plano ou em outro plano qualquer, e infelizmente nestas horas temos a enorme noção de que nossa mãe não é eterna no plano físico. Te amo e fique bem.

Paz e amor no mundo e cuidem-se por favor.












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