Provavelmente muitos dos que me conhecem não imaginam que hoje faço exatamente 6 anos que encontro-me na terra de Cabral, e me lembro como se fosse hoje quando cheguei no Aeroporto Francisco Sá Carneiro no região do Porto no período da manhã do dia 9 de Fevereiro de 2007 após uma longa viagem, cansativa e com mudança de cores durante o decorrer do percurso, e neste novo texto do meu querido Blog irei expor resumidamente a minha vida sobrevivida para todos os meus queridos leitores e visitantes.
Antes de decidir vir para Portugal sempre estava a ouvir inúmeras coisas sobre o país, não no geral, mas em relação a apenas uma região, ouvia sempre que fulano encontrava-se muito bem com bens adquiridos, ouvia sempre a vontade de voltar por parte da minha esposa e consequentemente que "alguns" iriam estender uma "mão amiga" caso viéssemos.
A decisão de sair da minha querida e amada Sampa logo após ao aniversário da minha amada Mãe surgiu quando fiquei desempregado, e assim juntou o desemprego com as poucas informações que eu possuía e a vontade da minha esposa para decidirmos largar amigos, familiares e parentes e nos metermos em uma grande aventura.
O que provavelmente muitos desconhecem e mal imaginam, é que nos meus primeiros quatro meses de estadia em Portugal eu sofria constantemente com atos preconceituosos chegando ao ponto de ouvir, mais que uma vez, que eu havia casado com a minha esposa somente para me tornar um cidadão português e consequentemente europeu, desde o primeiro jantar na minha primeira noite até o dia em que fomos delicadamente expulsos sem muitas condições para nos metermos em compromissos com aluguel e outras despesas.
A ajuda realmente surgiu mas praticamente a base de troca, onde eu fui diariamente explorado em relação a algumas tarefas, sempre a ouvir que eu não sabia cortar alguns alimentos, não possuía condições de realizar um trabalho e por isso não poderia me arrumar um trabalho, onde quase vi a Dona Morte quando dormi apenas uma hora para ajudar horas e mais horas na junção do "Cauby Peixoto" com a "Calotera" para depois conforme escrito anteriormente levarmos um "pé na bunda" com uma certa delicadeza.
Nestes 6 anos em Portugal aprendi muita coisa, aprendi que a imagem de muitos brasileiros encontram-se manchadas por alguns que já fizeram muita coisa de errada e consequentemente fazendo com que muitas portas se mantivessem fechadas para a minha pessoa, aprendi que amigos são passageiros porque depende em muito do seu "status" na sociedade, se você trabalha com entregas não pode ser amigo de quem trabalha em lojas, se trabalha em supermercado os que não trabalham lá não podem ser amigos e isso eu sei bem porque uma colega do Jumbo há mais de um ano quando descobriu que a minha esposa é gerente de loja achou estranho porque sempre conversávamos com ela e fazíamos piada, sendo simpáticos já que outros não são.
Nestes 6 anos em Portugal sofremos bem, eu bem mais que a minha esposa, mas no começo ela arrumou trabalho antes de mim, sendo que quando iniciei com um trabalho percebi o quanto alguns são realmente ignorantes e mal educados, depois verifiquei que o que se fala em um determinado é esquecido de imediato quando questionado posteriormente, depois verifiquei atos preconceituosos em relação a busca por trabalho com empresas a indicarem que não contratavam pessoas com sotaque e outra que não contratava brasileiros, e também senti na pele um calote de um ex-patrão que até hoje não me pagou o valor que deve, em torno de €1000.
Nestes 6 anos aprendi que vale mais uma boa amizade do que um bom trabalho realizado, vale mais ter as costas quentes quando se diz que não realiza uma tarefa simultaneamente com outra tarefa na cara do supervisor e ainda se manter no "trampo", vale mais prejudicar um colega ganhando a sua confiança do que fazer um trabalho melhor, onde há muita valorização do seu circulo de amizades do que no trabalho bem prestado. Aprendi que ser um imigrante é foda, onde a cada momento temos que mostrar sermos melhores do que os demais mesmo sabendo que isso incomodará muita gente ao redor, e que não adianta matar um leão por dia tem acabar com a porra da selva toda logo de uma vez.
Há 6 anos atrás Portugal distribuía facilidades que em nenhum lugar do Mundo, que já conheci, oferece ao seu povo, muita facilidade fez com que nós acabássemos por "nos fudermos de verde e amarelo", acumulando dívidas que eu jamais possui durante todos os meus anos no Brasil, e aqui bastou abrir uma conta no banco e mostrar o cartão de débito para adquirirmos um carro através de um crédito que foi aprovado em apenas dois dias.
Posso dizer que nestes 6 anos de Portugal muita coisa mudou, eu mudou conforme as coisas foram acontecendo na minha vida, deixei de possuir uma vida social e esportiva que eu possuía em grande quantidade na minha amada Sampa porque lá não precisa ter um "status" para possuir amigos ao contrário daqui, mudei na forma de pensar e de agir, na forma como ver as pessoas que realmente valorizam a minha pessoa, mudei na forma de agir com quem quer que seja dentro e fora do trabalho que atualmente não possuo, e mudou também a minha vida a partir do nascimento do Baby Blu Hiper Mega Totosão, onde a cada dia é um novo dia cheio de novidades que ele me apresenta.
Não sei dizer se ficaremos mais 6 anos ou mais 6 meses por aqui, desde o momento em que cheguei em Portugal muita coisa mudou, mudou o Governo e consequentemente mudou a vida de muitos com a proliferação da Austeridade implementada que está a gerar muita pobreza, mas para quem tem um Baby e que constantemente visualiza informações sobre trânsito, violência e algo mais na minha amada Sampa, aqui em Portugal, onde resido, ainda há uma melhor qualidade de vida para o Baby Blu Hiper Mega Totosão crescer e desenvolver, até mesmo na saúde nossa, já que desde que chegamos em Portugal a minha esposa nunca mais teve crises de Rinite e de Sinusite.
Nestes 6 anos em Portugal sei que deixei de estar ao lado das pessoas que gosto, já perdi algumas que trago-as comigo dentro do coração a imagem maravilhosa que sempre tiveram, sei que a cada dia que passa a saudade que sinto de algumas pessoas aumenta ainda mais. Sei que continuará sendo difícil a sobrevivência diária com apenas uma pessoa a trabalhar porque ainda está muito difícil conseguir um lugar ao Sol no quesito trabalho, porque penso que o meu querido Blog poderá ter fechado algumas portas em relação a esta situação através de alguns textos anteriormente escritos, sei que a cada dia que passa é uma batalha vencida de uma guerra sem previsão de término, sei bem que se me faltar o otimismo de que as coisas irão mudar me tornarei igual a muitas pessoas com quem eu já me deparei em Portugal, e sei bem que por mais tempo que eu fique por aqui eu sempre serei um imigrante estrangeiro, um cidadão brasileiro, um cidadão de fora mas que contribui diariamente para a economia do país mesmo que alguns pensem ao contrário.
Parabéns para a minha pessoa que completa hoje 6 anos em Portugal, com muitas águas que rolaram e com muitas águas que ainda irão rolar, o passado serviu de aprendizagem para um futuro incerto e com decisões que ainda temos de tomar dentro um tempo, 6 dias, 6 semanas, 6 meses ou 6 anos já não sei dizer, mas algo irá mudar, mas por hoje só me dou os parabéns, parabéns por sobreviver por 6 anos em Portugal.
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