Para todos os meus queridos leitores e visitantes que não sabem, encontro-me em Portugal desde o dia 9 de Fevereiro de 2007, e penso que desde o momento em que o avião decolou do Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia 8 de Fevereiro de 2007 que tenho em mente uma provável volta a minha querida e amada Sampa, mas nestes praticamente seis anos de Portugal muita coisa mudou, não mudou a minha vontade de voltar, mas mudou os motivos pelos quais não é nada fácil voltar.
Sei bem que muitos imigrantes, de Estado para Estado ou de País para País, sentem uma enorme vontade de voltarem aos seus locais de origem, onde nasceram e cresceram porque possuem amigos, parentes e família, e ficarem longe deles é mesmo ruim, ruim em alguns aspectos como deixarem de possuirem um pouco de vida social e saber, no caso dos amigos, que estes são seus amigos pelo o que você é e não pelo seu "status", pelo o que você tem.
Tenho uma enorme vontade de voltar a minha amada Sampa, mas só de pensar que se chover o quanto choveu por aqui, em Portugal, nos últimos dois dias, a minha amada Sampa entra em colapso, e um simples trajeto do trabalho para a casa poderá demorar em torno de 3 horas ou mais conforme alguns dos meus colegas do "Fantasy World" Facebook andam a postar nos seus murais praticamente diariamente.
Pensar constantemente em voltar é algo normal no meu dia-a-dia, principalmente porque eu sei que há pessoas com mais idade do que eu que estão a conseguir um trabalho, ao contrário daqui, que mesmo encaminhando inúmeros curriculum diariamente raramente sou chamado para uma simples entrevista, mas se a família fosse constituída apenas por duas pessoas a esta hora estaria a escrever este mais novo texto do meu querido Blog diretamente da minha sala em Sampa, e não aqui em Leça da Palmeira, e é no terceiro membro da família que me faz pensar seriamente se valerá a pena voltar ou não.
Em apenas uma semana, após conversas constantes com a minha amada esposa sobre se voltaríamos ou não, surgiu no Facebook dois textos de colegas meus totalmente irritados e nervosos, sendo que no primeiro texto o meu colega encontrava-se "P. da vida" porque assaltaram a sua esposa e os Filhos da Puta apontaram a arma para a cabeça de sua filha. E quando ocorre um negócio desta maneira é complicado para quem tem filhos olharmos apenas para frente sem pensarmos neles e decidirmos algo que poderá mudar em muito as suas vidas.
Alguns dias depois surgiu outro texto de um outro colega no Facebook, onde ele indicava com muito nervosismo que seu Pai havia sido assaltado e que apontaram a arma para cabeça, sendo um senhor de idade, e no quesito violência os Filhos da Puta não se importam com crianças ou idosos, pensam apenas em cometerem o crime e se necessário acabarem com a vida das vítimas.
Ainda no Facebook, houve durante alguns dias algumas postagens que realmente me fez pensar no tempo que as pessoas perdem na minha amada Sampa, demorar um pouco mais de uma hora para chegar em casa após sair do trabalho é algo muito importante e que acontece poucas vezes durante o ano, e quando ocorre as pessoas que já não estão mais habituadas comemoram como uma final de campeonato.
O que realmente me faz pensar se valerá a pena voltar ou não para a minha amada Sampa é a qualidade de vida que ainda possuímos por aqui e que jamais teremos em Sampa, uma certa tranquilidade que em nenhum momento enquanto vivia na minha amada Sampa possuía, onde o portão da garagem do prédio onde resido ficou dois finais de semana sem fechar devido a problemas e não ocorreu nada, onde há duas portas de entrada onde resido sem porteiro e sendo elas de vidro e não ocorrer nada, este tipo de tranquilidade pesa em muito quando se tem um filho. Saber que moro no térreo e colocar a roupa na varanda e esta roupa dormir de um dia para o outro e continuar na varanda é algo que não posso ter na minha amada Sampa e que provavelmente não poderei tentar realizar este procedimento.
Não possuo atualmente a vida social que sempre possuí em Sampa, porque os "amigos" que fiz aqui eram amigos de momento, e como o meu atual momento não é do melhor posso dizer que atualmente não possuo amigos, sendo que possuo pouquíssimos colegas que tenho consideração e que torcem por mim, e o "Vitão" e o meu "Quindinzinho" são dois destes colegas, mas fora isso os amigos não existem, e os amigos me fazem falta na vida, "churras" e "brejas" com os parentes e amigos é que faz falta, e isso faz pesar a balança para o lado de voltar.
A qualidade de vida que possuo atualmente é bem melhor do que em Sampa, tenho de pensar também nos estudos do meu filho, sendo que no ensino público aqui em Portugal ele termina os estudos falando fluente Inglês e provavelmente mais um ou dois idiomas, ao contrário do que ocorre no Brasil nas escolas públicas que se aprendem o verbo "To Be" durante todos os anos praticamente.
Não é nada fácil pensar em voltar, porque não é um pensamento único que o transformaria em um pensamento egoísta, porque tenho de avaliar tudo o que há de bom e do melhor para toda a minha família e não apenas pensar no meu umbigo. A difícil tarefa de pensar não irá terminar após este mais novo texto do meu querido Blog, e conforme o tempo passa e as notícias que vejo tendem a piorar, o pensamento começa a tornar-se óbvio, e assim a cada dia iniciado e dia terminado tenho de lutar contra as adversidades pensando no melhor para a minha família, e assim o pensamento continua difícil e sem previsão de término, e espero que através das políticas atuais de empobrecimento de uma grande parte da população de Portugal não venha a se transformar um país sem qualidade de vida.
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